segunda-feira, 18 de julho de 2011

LVI europa e cultura



17 de julho


comove, neste momento, a ilusão da europa, a ilusão do prokecto da união europeia. ressalva-se, do "público" de hoje, a lembrança do escritor português walter hugo mãe o qual, por terras brasileiras, fez um fantástico sucesso por terras brasileiras, mais propriamente na 9.ª edição da FLIP. e o pior da rúbrica "caras da semana", a aula do ministro das finanças vítor gaspar na tragédia das 18h00: foi o académico no seu melhor. [ontem, na tvi, marcelo de rebelo de sousa até gostou!] Ainda desta matéria, o "público" de sexta, kogo na sua primeirã página, em letras garrafais pretas e gordas noticia: "Dez por cento dos salários mais altos pagam 60 por cento do imposto extraordinário". Em letras mais pequenas: "Em 2011, só assalariados e pensionistas pagam irs de Natal. Rendimentos do capital e lucros ficam de fora"; e no texto de João Ramos de Almeida lemos que "o novo imposto, afinal, incide não sobre os rendimentos brutos, mas sim sobre os rendimentos colectivos; ou seja, sobre os rendimentos anuais subtraído das deduções e benefícios fiscais e após o abate do valor anual do salário mínimo." e do argumento ministerial relativamente ao facto das empresas não pagarem o respectivo imposto perante os seus lucros, ou mesmo a banca, estamos perante uma falácia, até porque os portugueses, os trabalhadores por conta de outrém, também já têm pago outros impostos extraordinários e o esforço tem sido em vão. como se não bastasse a situação económica, revelaram-se as notas dos exames nacionaos, notas dramáticas, diga-se, revelando, uma vez mais, portugal no seu melhor, [portugal naquilo que é]. mais do que um problema conjuntural, estamos perante um problema estrutural, que se tem arrastado durante décadas. julgo que não será com mais horas de aulas de português e de matemática que o problema se resolverá. o que as notas dos exames nacionais elucidam é, acima de tudo, a falta de um pensamento crítico e criativo, de interpretação. este é o problema estrutural; e se no português existe a falta desses três paradigmas, afunda-se a matemática. e falando uma vez mais de cultura, noto e destaco a descoberta de manuscritos inéditos de guerra junqueiro, o prémio gulbenkian ciência de 2001 pra o físico nuno peres, ou a data de nascimento de jacques derrida a 15 de julho de 1930. tive quase, quase para ir ouvi-lo em 2003, quando veio a coimbra. não foi possível. fruto de leituras circunstancias do que propriamente contextuais, dele prefiro "políticas da amizade". se nos deparamos com uma ética da amizade, esta mesma ética confronta-se com a democracia, a qual "raramente se apresentou ela mesma no mínimo, sem a possibilidade daquilo que reúne sempre, se se quiser deslocar um pouco desta palavra, com a possibilidade de uma fraternização." isto apenas revela a génese trágica da democracia. termino como iniciei, mas ao contrário: a europa necessita de uma fraternização cultural para se encontrar a si própria, para se olhar para si própria. jean monnet, o pai da europa, acordou tarde. a europa adormeceu economicamente. desta forma, realço a exposição que a presidência espanhola da união europeia organizou em 2010 através de tr~es instituições: junta de extremadura, conselharia de cultura e turismo e pela sociedade estatal das comemorações culturais. a exposição e o catálogo chamou-se então (não tenho memória de nenhuma notícia de tal actividade, pelo menos em portugal), "suroeste: relações literárias e artísticas entre portugal e espanha (1890-1936)". profundamente ilustrado, e com textos magníficos, o catálogo encontra-se editado em portugal pela assírio & alvim e espelha a literatura, as artes plásticas, o cinema, a fotografia e a música, num período estabelecido entre 1890, surgimento do simbolismo português, até 1936, início da guerra civil espanhola. [a exposição, que se realizou entre 11 de março a 16 de maio de 2010 no museo extremeño e iberoamericano de arte contemporáneo em badajoz, leio na blogosfera que a exposição não veio para portugal, alegando o governo de então com a crise. foi uma perda irreaparável. e como só comprei na sexta-feira o catálogo, caro, mas vale a pena, fica aqui o registo (http://litfil.blogspot.com)

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