terça-feira, 14 de junho de 2011

XLI

"Um homem não é nada debaixo da rosa do sol."


Pires Cabral




no café, a tomar umas notas de leitura, uns sublinhados, do livro "o porco de erimanto" para um futuro texto. um amigo de infância aproxima-se e questiona-me, A trabalhar?, respondo-lhe que não, A entreter-me, o trabalho já passou por hoje. continua, Mas está a trabalhar, deve ser para algo, penso, Sim, de facto é, diz-me, Então estás a trabalhar, confirma. lê: "homens e sombras". questiono-lhe: Achas que tens sombra? penso para mim, que pergunta mais estúpida. responde-me com outra pergunta: O que é que um burro faz ao sol? olho e diz-me, É o que todos fazem, estão à sombra. curioso, não faz sombra, está-se à sombra. mas acaba-se por fazer sombra. acrescenta e diz, Existe cada um anda atrás das sombras dos outros, o melhor era irem trabalhar. e pede-me um cigarro, Vou dar uma voltinha. às vezes engana-se no meu nome, vou lá saber porquê. hoje, como ultimamente, não se tem enganado, vá lá, ficou pelo cigarro, não pediu moedinha.

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